Nossa, parece que foi ontem que eu vi materializar o livro criado na garra e na coragem, como toda edição independente. Valeu à pena. Até hoje, MEU REVERSO* só me dá alegrias. Nesses quatro anos de surgimento, já perdi o controle dos meus versos, o que para mim significa a consagração. A poesia não deve ser aprisionada a quem a cria, o pertencimento é a quem ela chega. A publicação não é um best seller, longe disso, não está nas prateleiras das grandes livrarias, não foi acatado por qualquer rede distribuidora. Porém, centenas de exemplares estão circulando por este mundão afora. MEU REVERSO criou asas e voou. É de uma satisfação imensa ouvir um dos meus poemas na voz de outrem. Me surpreende, me emociona, me transbordo de vaidade. Sempre me pergunto, até mesmo quando me ouço: foi eu mesma quem versou quais rimas (ou a falta delas)? Para alguns belos, para outros, bobos. Dou de ombros e sigo reversando.
*MEU REVERSO - Finalista do I Prêmio Maria Firmina de Literatura, 2021, categorIa Poesia
O SORRISO DA BELA SENHORA pg. 27
Tem dia que a saudade chega com a força
do mar revolto quando bate nas rochas
cravadas de mariscos:
arranha em talhos profundos
arranca sangue
deixa a pele cravejada de espinhos
no outro dia, a saudade é leve como a memória
da bela senhora que já perdeu todos os seus amores
e vive a olhar as lembranças através da janela
carrega um sorriso quieto no canto da boca
tem dia que a saudade avança com a velocidade
de um salto livre do alto de despenhadeiro
rumo ao vazio em noite de lua cheia e mar manso
o som do fim da queda se espalha além das estrelas
no outro dia, a saudade é música que embala os pássaros
levada pelo vento cor de rosa alegre como na tarde em
que desenhei seu nome ao lado do meu com um coração
flechado entre nós como promessa de amor eterno
e foi
se foi
se fosse.
*Atenção editoras:
Adoraria fazer uma parceria para um novo lançamento autoral, de poesia, crônicas e contos. Vamos conversar?
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