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"Ella quiere vino!"- um dia em Nova York* crônica



Diário de uma viajante. A saga continua. Nosso domingo começou ótimo e acabou bem mais ou menos. Mas na média, foi um good sunday. O show do coral do Harlem foi sensacional! E o meu showzinho particular?? Botaram alguma coisa no meu suco de laranja, só pode. As imagens não mentem e estão aí, pra quem quiser ver. Fazer o que? depois fomos circular pela 5a Av. As meninas foram visitar a Madame Tussauds e eu, que não tava a fim de ver gente de cera, fiquei sentada num café vendo a correnteza de gente de verdade, que não para nunca. E é cada gente mais gente que a outra, cada uma mais indescritível que a outra. Depois pegamos o trem para ver o mar. Longe pra caramba mas fazendo vontade de filha! Coney Island beach. É que lá, tem a maior roda gigante do mundo, dizem, elas foram. Óbvio que eu jamais subiria naquilo e óbvio, fiquei dando uma volta e vendo mais gente indescritível. O parque de diversão é daqueles típicos que vemos em filmes C americanos, igualzinho !! Daqueles que têm casal apaixonado brincando de tiro ao alvo pra ganhar bichinho de pelúcia! Mas tem também perseguição dentro do trem fantasma, a mocinha é assassinada pelo mocinho psicopata, o sangue é de catchup… me lembrei do clássico trash “Pague para entrar, reze para sair”, já viram? Foi divertido. O que me irritou de verdade foi a volta. Perdidas numa das baldeações do metrô, ficamos dentro daquele túnel fumacento e quente um tempão, sem saber o rumo tomar. Até que saímos do buraco e pegamos um táxi para casa.

Ufa!

Ufa?? Bem, como já era tarde da noite, resolvi fazer um macarrãozinho e tomar um vinho para relaxar. Tudo fechado em volta, me restou entrar num boteco de quinta, de quinta mesmo (se lembram do parque da beach?). Lá dentro, 4 homens silenciosos, assistiam televisão.

Perguntei para o dono, de aparência latina, no meu inglês também de quinta:

– Do you have wine? – Hã? – Do you have wine? (caramba, já to falando errado) – Hãããã? Daí em meu socorro, sai o mais pinguço e franzino dos men e grita em espanhol: – ELLA QUIERE VINO!!! – Hã!! Ufa!!

O senhor, mexicano, se empolgou. Me ofereceu logo duas garrafas: uma sauvignon e um merlot. Aconselhou o merlot, “muy buono”.

Enfim, pasta cozida, com atum de latinha e azeite, abro meu aguardado vino. E já no primeiro gole constato: não vai rolar o relax!! É péssimo!! Leio finalmente o rótulo: vinho misturado com água e açúcar.

Hãããã??

*Texto publicado no site Confraria das Pretas, uma iniciativa que visa reunir pretas e pretos para experienciar bons vinhos. Encontros que acontecem periodicamente a fim de difundir conhecimentos sobre vinhos, proporcionando encontros ancestrais, regados a muitas trocas e sabores. https://confrariadaspretas.com/


*Elisa Mattos é jornalista e escritora, autora do livro de poemas Meu Reverso. Fez a primeira visita à Nova York em 2015 na companhia das duas filhas. ficaram hospedadas no trecho latino do Harlem. Adora viagens, aventuras leves e vinhos, é claro, mas dispensa os adocicados, com fervor.



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