Você pode me riscar da História com mentiras lançadas ao ar. Pode me jogar contra o chão de terra, Mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.
Minha presença o incomoda? Por que meu brilho o intimida? Porque eu caminho como quem possui Riquezas dignas do grego Midas.
Como a lua e como o sol no céu, Com a certeza da onda no mar, Como a esperança emergindo na desgraça, Assim eu vou me levantar.
Você não queria me ver quebrada? Cabeça curvada e olhos para o chão? Ombros caídos como as lágrimas, Minh’alma enfraquecida pela solidão?
Meu orgulho o ofende? Tenho certeza que sim Porque eu rio como quem possui Ouros escondidos em mim.
Pode me atirar palavras afiadas, Dilacerar-me com seu olhar, Você pode me matar em nome do ódio, Mas ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.
Minha sensualidade incomoda? Será que você se pergunta Porquê eu danço como se tivesse Um diamante onde as coxas se juntam?
Da favela, da humilhação imposta pela cor
Eu me levanto
De um passado enraizado na dor
Eu me levanto
Sou um oceano negro, profundo na fé, Crescendo e expandindo-se como a maré.
Deixando para trás noites de terror e atrocidade
Eu me levanto
Em direção a um novo dia de intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom de meus antepassados, Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado. E assim, eu me levanto Eu me levanto Eu me levanto.
**Maya Angelou , pseudónimo de Marguerite Ann Johnson (04\04\1928 - 28\05\2014) consagrou-se como uma das maiores escritoras dos Estados Unidos e do mundo. Artista polivalente, começou a carreira como bailarina e fez também teatro, cinema, televisão.
Amiga de Martin Luther King e de Malcolm X, Maya dedicou-se durante toda sua vida
à militância pelos direitos civis e emancipação dos afro-americanos. Denunciou as opressões e injustiças contra a população negra por meio da arte, da poesia e na participação em debates públicos por todo os Estados Unidos e nas diversas visitas à África.
Publicado em 1978, “Still I Rise (Ainda assim eu me levanto)” se destaca como um dos seus poemas mais aclamados.
Maya escreveu sete autobiografias, a primeira publicada, e maus famosa, Eu sei por que o pássaro canta na gaiola, fala da trajetória de uma menina negra e pobre no sul dos Estados Unidos, que como um ‘pássaro’, luta contra as dificuldades de aceitação e traumas decorrentes do racismo.
“Quando escrevo eu, o significado é nós”. Era assim que a escritora e ativista Maya Angelou definia sua escrita. Foram 23 livros publicados, entre poesia e autobiografias, obras que revelam as marcas cruéis deixadas pelo racismo, pela misoginia e a desigualdade social, que afligem à população negra na maior parte do mundo.
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