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A Rainha do Mar
















Meu ano começa depois do primeiro mergulho no mar. Banho profunda, que abre meus caminhos para o novo ciclo. Misterioso mar. Casa da rainha negra Yemanjá. E eu já a vi de perto. Meu relato emocionada na época:

  

“No dia 02 de fevereiro de 2006 tive a mais intensa e deslumbrante experiência da minha vida. De férias em Salvador, fui caminhar na calçada da praia e vi a grande movimentação de religiosos e turistas que iriam participar da procissão de barcos em homenagem a orixá. Claro que desejei participar do ritual. “Impossível”, me disseram vários organizadores, a camiseta-ingresso é vendida com meses de antecedência.


Inconformada, fiquei lá, recostada na mureta da praia da Barra apreciando a movimentação e esperando algo acontecer. Até que apareceu um senhor e perguntou se estávamos interessados na procissão porque ele tinha duas camisetas de um casal que desistiu. Aconteceu. O homem não era cambista, vendeu por preço justo.


Deu tudo certo: em poucos minutos embarcamos. Depois de uma volta pela Baía de Todos os Santos, o barco chegou no Rio Vermelho, onde fica a colônia de pescadores, devotos que guardam a imagem de Yemanjá. Uma multidão em terra participava do festejo. Todo mundo de branco levando presentes para a rainha das águas. E era muita, muita coisa: flores, colares, coroas, bonecas, espelhos, perfumes, cidras. Quem está em terra entrega as oferendas aos pescadores. Os pescadores remam até os barcos maiores e repassam os balaios sagrados.


Já era fim de tarde quando a procissão avançou mar adentro. Centenas de embarcações e uma orquestra de buzinas a caminho do alto mar. Os fiéis cantando ... o sol se pondo... até que em determinado ponto do mar, os barcos e lanchas pararam e formaram uma grande roda para que, finalmente, os presentes fossem oferecidos a Yemanjá. Momento de extrema magia. As oferendas foram imediatamente sugadas pela força da água de um redemoinho gigante que se formou naquele espaço. E um forte cheiro de alfazema exalava de dentro do mar.


Eu confesso que chorei de emoção tamanha a lindeza daquele quadro vivo. Ver com meus próprios olhos e sentir na alma, fenômeno impossível de traduzir com palavras.”





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Âncora 1
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